todavia, que nesta monografia ela cobre uma área da sociedade brasileira quase inexplorada pelos especialistas. Em consequência, confere-nos a possibilidade de saber se certas explicações, obtidas no estudo de outras situações de contato no Brasil, são válidas para a zona meridional da sociedade brasileira. Acresce que as explanações apresentadas suscitam, aqui ou ali, pistas novas e a formulação de hipóteses dignas de consideração, como o leitor verificará facilmente nas passagens relativas às vinculações entre a organização econômica da sociedade e o sistema de ajustamentos raciais ou às funções dos estereótipos raciais em sucessivos contextos histórico-sociais. No conjunto, pois, a monografia alarga as nossas possibilidades de explicar, sociologicamente, as bases e os produtos sociodinâmicos das relações raciais na sociedade brasileira.
As mencionadas qualidades da presente contribuição indicam que o cientista social brasileiro já tem um padrão de trabalho intelectual e que é capaz de aplicá-lo segundo os critérios do saber científico-positivo. Isso parece ser da maior importância para nós, porque o processo de desenvolvimento das ciências sociais no Brasil pode ser sumariamente descrito, no que ele possui de essencial, através de três gerações, que se acham em contato e em colaboração na vida acadêmica. O fato dos representantes da geração mais nova demonstrarem domínio seguro de seu campo - com as técnicas de investigação e os problemas correspondentes - constitui algo auspicioso, que nos faz confiar no progresso autêntico das ciências sociais em nossas instituições de ensino ou de pesquisa. Eles não incorrem nas mesmas limitações dos membros das duas gerações pioneiras, mais ou menos sacrificados pelas contingências seja da improvisação,