por outro lado, "a convivência dos estudantes e noviços com os colonos de São Vicente prejudicava a sua formação religiosa e moral", sendo necessária "a imunização dos índios recém-convertidos," (10) Nota do Autor em face dos desregramentos dos habitantes brancos da costa.
Longe desses inconvenientes, um Colégio colocado no planalto atenderia melhor às finalidades da obra evangelizadora e educativa da Companhia de Jesus. Destacou, então, o Provincial a missão encarregada de sua fundação, sob a chefia do Padre Manuel de Paiva: eram treze religiosos, entre padres e irmãos, dos quais José de Anchieta foi quem mais se consagrou, com zelo apostolar e com heroicos trabalhos, à instituição e ao progresso do novo estabelecimento jesuítico.
Era o primitivo Colégio de São Paulo uma simples casinha de pau a pique barreado, que media 14 passos de comprimento por dez de largura; servia, ao mesmo tempo, de escola, dormitório, refeitório, enfermaria, cozinha e despensa - segundo informa Anchieta, em uma de suas conhecidas cartas. Ao lado dessa modestíssima habitação, elevou-se o primeiro templo católico de todo o vasto Planalto Brasileiro - uma capelinha rústica, inaugurada em 1556.
Na manhã de 25 de janeiro de 1554, dia consagrado à conversão de São Paulo, o Padre Manuel de Paiva celebrou, pela primeira vez, o sacrifício da missa, no alto da colina onde fora assentada a nova casa da Companhia de Jesus. Daí vem o nome do Colégio, dedicado à memória dessa efeméride da vida do "Apóstolo dos Gentios", (11) Nota do Autor nome que viria a designar a povoação logo depois ali aglomerada e ficaria perpetuado no da vila, da cidade setecentista, da metrópole dos nossos dias, acabando por estender-se a toda a então Capitania, passando depois à Província e ao Estado.
A origem da cidade de São Paulo encontra-se, portanto, nessa "fundação religiosa e escolar", (12) Nota do Autor meticulosamente arquitetada pelos missionários vindos de São Vicente e cujo objetivo consistia, apenas, na conversão e educação do gentio,