A cidade de S.Paulo (estudos de geografia urbana) V.03

nos derradeiros anos da década de 1860-70 e nos primeiros da seguinte. Foi a mais importante, como teremos oportunidade de demonstrar mais além.

A terceira fase teve início na primeira década do século atual, nada mais sendo do que uma decorrência: 1) dos novos reclamos do comércio internacional; 2) das necessidades sempre crescentes da indústria têxtil paulista.

Para o surto industrial de São Paulo, a fase mais importante da história do algodão corresponde ao período que vai de 1860 até 1880, achando-se ligada, de um lado, ao desenvolvimento da indústria na Inglaterra, e, de outro, à Guerra Civil nos Estados Unidos. De fato, quando os centros fabris ingleses, famintos de algodão, deixaram de receber a matéria-prima dos Estados Unidos, a braços com a luta entre o Sul e o Norte, procuraram obtê-la onde quer que existisse e incrementar sua produção onde fosse possível sua cultura. No Brasil, particularmente São Paulo ouviu os apelos das indústrias inglesas e pôs-se a intensificar a lavoura algodoeira; não mais, porém, através da espécie arbórea, mas da espécie herbácea, através de sementes procedentes da própria Inglaterra. Como o café conquistara as áreas de melhores solos, o algodão passou a ser cultivado onde a rubiácea não vinha sendo plantada, quer em virtude do tipo de solos, quer devido ao clima ou ao relevo. Por isso, foi em terras da chamada Baixa Sorocabana, ou nas que haviam sido esgotadas pelos cafezais, que o algodão vicejou.

Esse surto algodoeiro de São Paulo, em apenas dez anos do século XIX, foi, de certo modo e mutatis mutandis, tão extraordinário quanto o do café. Para que não pareçamos exagerados em tal afirmativa, basta lembrar que, nada exportando em 1861 e 1862, São Paulo passou a figurar como exportador, em 1867 e 1868, com um total de 611.971 arrobas de algodão, ou seja, 9.179,5t.

Todavia, curta foi essa marcha ascensional, pois, cessada a guerra civil nos Estados Unidos e voltando à normalidade a região produtora do sul daquele país, o mercado inglês passou, de novo, a ser o seu grande freguês. A partir de 1877, o declínio da lavoura algodoeira paulista tornou-se acentuado e só não se extinguiu completamente graças ao aparecimento das primeiras fábricas de tecidos, que se vinham aproveitando dos excedentes da exportação paulista.

Por isso mesmo, a história da indústria paulista acha-se estreitamente ligada a essa fase da história do algodão. As tentativas de estabelecimento da indústria de tecidos, registradas

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