muito que os realizadores se afogassem em suas próprias realizações. Daí as sucessivas crises do café e, consequentemente, o êxodo rural.

O fim de século XIX assinalou a primeira crise de superprodução do café, seguida pela inevitável queda nos preços do produto; em consequência, baixaram os salários, notadamente os ligados aos trabalhos nas fazendas de café. Foi então que se registrou um grande afluxo da população rural (em sua maioria constituída pelos colonos estrangeiros) para as cidades e, muito especialmente, para a capital, conforme o atestam os recenseamentos realizados a partir do período republicano(9) Nota do Autor. O crescimento vertiginoso da população paulistana na última década do século XIX corresponde, como é compreensível, a um aumento da mão de obra disponível, o que só pôde beneficiar a indústria paulistana, além de trazer novas atividades industriais, muitas delas nascidas sob a forma artesanal.

Com o tempo, o fenômeno se acentuou, não apenas em relação à capital, como também ao interior. Registrou-se um verdadeiro surto de urbanização no hinterland paulista, fazendo com que o Estado viesse a se destacar, no país, pelo elevado número de cidades com população urbana superior a 10 mil hab.(10) Nota do Autor. Por outro lado, é bem sabido quão notável tem sido o crescimento da população do Estado, desde 1940 colocado no primeiro lugar dentro da Federação.

Como é natural, tudo isso haveria de repercutir na vida industrial paulista: em primeiro lugar, porque a população urbana é mais exigente do que a rural e possui maior capacidade de consumo dos produtos industriais em relação a esta; em segundo lugar, porque o crescimento demográfico (que se processou numa área territorial contínua, além mesmo das fronteiras paulistas), a par do enriquecimento da população, da melhoria de seu padrão de vida, das facilidades oferecidas, por uma rede de circulação cada vez maior e melhor, do natural aumento das necessidades impostas por uma civilização em marcha - veio ocasionar o aparecimento de um forte e estável mercado de consumo.

Em razão de tudo isso, o parque industrial paulistano passou a contar, na capital e no interior, com uma clientela