Foi assim na Primeira Guerra Mundial (1914-18), como ainda o foi na Segunda Guerra Mundial (1939-45). E que, durante tais conflitos, as grandes nações industriais, neles fortemente empenhadas, viram-se forçadas a desviar para as indústrias de guerra todo o seu esforço de produção. Além disso, num como noutro desses conflitos, a guerra submarina perturbou, quando não interrompeu, o tráfego marítimo, tornando escassos ou impedindo os nossos contatos com os centros industriais da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. Coube, então, à indústria de São Paulo o grande papel de ocupar o lugar dos mercados fornecedores de além-mar, o que lhe serviu para abrir novos e ilimitados horizontes. Muitas vezes difícil se tornou, em ambas as ocasiões, aos produtores estrangeiros retomar a posição perdida, tão grande e tão bem orientado foi o esforço de nossos industriais.

Muitas crises econômicas contribuíram para o desenvolvimento de nossas indústrias. Já assinalamos a importância da crise do café em fins do século XIX. A de 1929, de âmbito mundial, se abalou fundamente a economia brasileira e paulista, até então exclusivamente baseada na monocultura cafeeira, de outra parte concorreu para estimular a indústria: a baixa do câmbio e a depressão econômica, resultantes da crise, fizeram com que, como observou ROBERTO SIMONSEN, "as nossas exportações de produtos agrícolas deixassem de proporcionar poder aquisitivo suficiente para pagar os produtos industriais reclamados pelo consumo interno(11) Nota do Autor". Foi esse o período em que a indústria paulista se consolidou, particularmente a de tecidos, produtos alimentares, artigos de vestuário e produtos farmacêuticos.

A situação geográfica e a indústria de São Paulo

Os fatores até aqui por nós abordados, responsáveis, uns mais, outros menos, pela eclosão e pelo desenvolvimento do ciclo industrial paulista, apresentam, quase sempre, um caráter