1807, tendo empatado a batalha de Eylau, forçou um novo encontro com o inimigo, que terminou pela devastadora vitória de Friedland, durante a qual o Czar, sentindo-se abandonado pelos seus aliados, desertou o campo da luta e aceitou a mão estendida que Napoleão maquiavelicamente lhe oferecera.
Desse encontro, realizado no interior de uma balsa, sobre o rio Memel, resultou, como já dissemos, o tratado de Tilsit.
Esse tratado, concertado em segredo, entre os dois Imperadores, numa atmosfera de suspeição recíproca, quando mal haviam silenciado os canhões que, pouco antes, dizimavam as fileiras russas, não poderia deixar de ser — como, de fato, o foi — um documento capcioso e ambíguo. Capcioso, porque ocultava desígnios propositadamente passíveis de interpretação e de sofismas. E ambíguo, porque a finalidade da sua execução não era a que anunciavam os seus artigos públicos, mas a que se disfarçava, com solércia diplomática, sob as determinações sibilinas das suas cláusulas secretas. O tratado, sendo de paz e de amizade entre a França e a Rússia, era, por outro lado, indubitavelmente agressivo no que dizia respeito a Inglaterra. Suas disposições ostensivas, para efeito de despistamento político, ofereciam razões para que pudesse ser definido como um instrumento, tendo por objetivo a redução da Prússia à condição de potência de segunda classe. Mas as suas cláusulas secretas dissimulavam uma armadilha, cuidadosamente preparada contra a Grã-Bretanha. Segundo essas cláusulas, os dois Imperadores haviam concordado em que, se o governo britânico não atenuasse a severidade das Ordens em Conselho e não restituísse as conquistas marítimas, feitas desde 1805, uma intimação, assinada por ambos, seria enviada a Portugal, à Suécia e à Dinamarca para que