local, de que resultava certo afrouxamento na disciplina da escravidão, e todos se verificaram nos períodos de maior intensidade do tráfico de negros, variando a sua localização de acordo com as flutuações do interesse nacional pela exploração desta ou daquela região econômica.
Com efeito, o simples "rigor do cativeiro", que sempre se fez sentir pesadamente sobre o escravo, não basta para justificar a sua fuga, a princípio em pequenos grupos, depois em massa, para as matas vizinhas. Nem chega para explicar a segurança com que negros já aquilombados visitavam frequentemente as vilas de onde tinham fugido, a fim de comerciar, de comprar artigos manufaturados e de induzir outros escravos a seguir o seu exemplo, tomando o caminho da selva. O quilombo foi essencialmente um movimento coletivo, de massa. Poder-se-á explicar, apenas pelo "rigor do cativeiro", o grande movimento de fuga de escravos das fazendas paulistas, nos últimos anos da escravidão?
A primeira grande concentração de escravos se fez em torno dos canaviais do Nordeste, e especialmente da capitania de Pernambuco. Ora, o quilombo dos Palmares, segundo investigações mais recentes, já existia em começos do século XVII, sabendo-se que o governador Diogo Botelho tratou de aprestar uma expedição, comandada por Bartolomeu Bezerra, para eliminá-lo, entre 1602 e 1608. Já nessa ocasião a economia açucareira estava em franca decadência. O quilombo, que não passava de um pequeno habitáculo de negros fugidos, cresceu extraordinariamente com a conquista holandesa, exatamente porque a guerra desorganizara a sociedade e, portanto, a vigilância dos senhores. Com a descoberta das minas, a concentração de escravos se fez, de preferência, no centro. O quilombo do rio das Mortes, liquidado por Bartolomeu Bueno do Prado em 1751, a mando da Câmara de Vila Rica, revelou-se com a decadência das lavras de ouro e