de que não prestou contas, motivo pelo qual foi indeferido aquele pedido. Alegou o procurador que realmente ele havia gasto aquela soma, mas que também havia sacrificado sua fortuna "e esta verdade não pode ser oculta a quem conhece o patriotismo que ele até hoje tem desenvolvido em favor de sua Pátria". Outros também receberam dinheiro da Fazenda, resultante de produtos de bens sequestrados, sem que tivessem prestado contas das quantias recebidas em consequência de ordens superiores. Entre eles - "Martins, Bourbon e outros"(24) Nota do Autor. Consequentemente, pediu o procurador a Carvalho que por simples portaria mandasse pagar a quantia reclamada, pois o Cabugá - "homem sensato, morigerado, de sentimentos justos" - estava "em país estrangeiro, sem meios alguns de subsistir", não podendo voltar à Pátria, a que entretanto deveria ser restituído, como era seu desejo(25) Nota do Autor.
Não sabemos que despacho obteve essa petição. Registrando Pereira da Costa, no Dicionário biográfico de pernambucanos célebres, a vinda de Cruz a Pernambuco em 1826(26) Nota do Autor, queremos crer que não lhe tenha falhado, naquela ocasião em que tudo podia fazer, o antigo amigo Manuel de Carvalho Pais de Andrade, embora não o tivesse por companheiro na arbitrária Confederação do Equador, obra quase pessoal desse intransigente candidato ao governo de Pernambuco.
IV - CARTAS PERNAMBUCANAS AO "CABUGÁ"
Em anteriores capítulos, vários documentos apresentamos, procedentes do Arquivo Histórico do Itamaraty, que valiosas achegas trazem à pouco conhecida biografia do mulato pernambucano Antônio Gonçalves da Cruz, alcunhado o Cabugá. Continuando sua transcrição e comentário, mais dois aqui incluímos, que mostram curiosos aspectos das atividades maçônicas e políticas de Pernambuco em 1825 e 1829.