Reinado. É o que documentam cartas a ele dirigidas, existentes no citado Arquivo. Em capítulo anterior aqui publicamos uma, que sobre a situação política no Recife em 1829 lhe escreveu o engenheiro militar José Joaquim Vieira Souto.
Outra, de 8 de fevereiro de 1831, de Santos, lhe remeteu o primeiro Martim Francisco Ribeiro de Andrada, irmão e genro de José Bonifácio de Andrada e Silva, como ele ministro nos tempos da Independência e, de fins de 1823 a 1828 exilado político na Europa, também em companhia do irmão Antônio Carlos e de outros oposicionistas daquele primeiro ano citado. Com seu espírito satírico, naquela carta assim se referiu a um escrito relativo à nossa difícil situação internacional da época, agravada com a questão dinástica portuguesa e a recente queda de Carlos X, na França:
"Ri e dei grandes gargalhadas com o papel do patarata; que tem de contraditório atacar os princípios da tenebrosa aliança, e tratar com qualquer dos governos que nela entram? Que tem de contraditório o tratar com qualquer deles em negócios de família? Sobretudo, que contradição pode haver, quando nem isto se for visto, que tal embaixada não teve efeito? Suponhamos, porém, que tivesse(52) Nota do Autor. Os srs. ingleses e franceses atacam governos e tratam com eles. Sinto estar doente, porque, a não estar, ter-me-ia divertido com o Cairu(53) Nota do Autor, o seu comércio de bananas, com o ladrão das serpentinas e o patarata..."
Terminando a carta, concitou o Andrada a que o Cabugá tivesse saúde, a fim de zombar "dos miseráveis que fazem a desgraça do nosso abençoado país".
Diplomata da Regência
A súbita mutação política decorrente da inesperada abdicação de d. Pedro I permitiu que antigos oposicionistas fossem prontamente aproveitados pela Regência Trina Provisória, inclusive para funções diplomáticas e consulares. Um deles foi Gonçalves da Cruz, já a 16 de abril de 1831 nomeado encarregado de negócios e cônsul-geral do Brasil na Bolívia(54) Nota do Autor.
Nesse país iria o Cabugá encontrar um aventureiro genovês, José Estêvão Grondona, que no Brasil, em 1823, conseguiu certa notoriedade como redator da Sentinela da liberdade à beira do mar da Praia Grande, jornal carioca e não