O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

e econômicos podem justificar comércio mais íntimo, ou mais frequente, com algum país.

Não há, assim, razão geográfica nem étnica para qualquer preferência, interposta entre o nosso patriotismo e o laço universal de estima humana, que não ganha, nem em efusão nem em calor, com superlativos declamatórios, e para o qual o melhor nome é, provavelmente, o de hospitalidade — o nobre e espontâneo impulso de acolhimento e de carinho a estrangeiros, comum a pagãos e a cristãos, a muçulmanos e budistas testemunhado nos livros sagrados, nas epopeias e nos códigos de moral e jurídicos de todos os povos, que Kant gravou como lema do seu ideal de paz: o ideal da hospitalidade universal.

Sentimentos fictícios e solidariedades sem base não servem todas essas convenções, senão para acumular, nas relações da vida real, motivos artificiais de ação, de que só podem resultar perturbações políticas.

A aspiração de uma unidade internacional americana é uma das formas absurdas deste preconceito. A configuração geográfica da América, em longa faixa longitudinal, é um imperativo de diferenciação, jamais um determinante de unidade.

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