O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

apetites e das ambições. As personalidades fortes são esmagadas, de encontro à própria fortaleza; as almas bem intencionadas esterilizam-se na amargura e na descrença. Tudo isto, porém, significa apenas uma cousa: a sociedade faz o indivíduo. Não pode produzir indivíduos úteis uma sociedade que se não acamou em seu leito natural — que não coordenou a sua direção.

Impressionistas, nós nos dividimos em duas filosofias, ambas estéreis, em face desta realidade: um otimismo extasiado com as aparências da nossa civilização, e um ceticismo destruidor, terrível de contágio e feroz de intolerância, contra todo esforço de reação. Para estes, o mal está na raça e nos indivíduos, e, isto, tão somente porque, logo adiante dos fatos, o que se lhes apresenta aos olhos são as imagens das pessoas.

É um simples erro de visão dos dados sociais. O nosso preparo ético e político ainda nos não perinite perceber que, entre a figura de um homem e seu espírito, entre a vida que ele vai fazendo e suas qualidades há um mundo de causas de variação, que se estendem do mais remoto passado até ao momento atual, e sobre o qual se esbatem reflexos e refrações de todas as vidas e de todos os fatos que nos cercam. Os instrumentos e as possibilidades sociais dispõem do futuro; e

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