o clássico destino, da tragédia grega, pode ter por voto de Minerva, em sociedades não organizadas, o acaso que, no dia de uma crise política, decida, com uma penada, entre Cesar e João Fernandes para dirigir a sorte de um povo.
O nosso hábito de apreciar os fatos políticos e sociais sob sugestão das emoções morais, à barra do julgamento — forma predominante, em nosso espírito, da consciência moral — leva-nos a não ver os assuntos públicos senão pelo dilema do bem e do mal, do honesto e do desonesto; e, no declive desta observação imediata das cousas, a avaliação do que é público e social, do que é da conta da opinião: da res publica, apagou-se tanto, em nosso critério, que, nas esferas mais altas da vida pública, os pormenores pessoais e acidentes políticos, quando não atos e fatos de todo particulares, sobrelevam a programas e ideias. De programas não se cogita senão para efeitos eleitorais; e de problemas e soluções, não se chegou ainda a cogitar. Estamos, ainda, em assuntos de medicina social, em fase de terapêutica de sintomas. Pouca gente conhece, com exatidão, entre nós, os dados da nossa situação financeira; raros têm notícia dos problemas da nossa economia, para não falar senão de cousas muito superficiais; não há, porém, quem se não