O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

Esta política de reparação só nos parece impossível, porque, em regra, não concebemos reformas políticas, senão como mutações, instantâneas e integrais, do cenário social. As reformas não se realizam como edificações materiais: iniciam-se com uma mudança de atitude, em face dos problemas, e prosseguem, com um programa político firme, dentro de uma forma constitucional flexível, que se não limite a esta ou àquela ordem de cousas, a tal ou qual ramo do governo. Não basta encarar dous, 20 ou 50 aspetos da nossa vida social e política; é mister abranger, na complexidade dos interesses do povo, todas as suas faces, dependentes de fatores, próximos ou remotos, diretos ou indiretos, que se alternam, sucedem-se, interrompem-se, surgem e desaparecem sem que ninguém possa predeterminar, com exatidão, os atos certos e as medidas próprias, para cada momento e para cada lugar, senão com firme consciência do fim a alcançar, inteira mestria dos processos, e posse completa dos meios. Tudo mais seria trabalho baldado, que mal mereceria o nome de política. Nada destruir, no que tiver raízes sociais, reconstruindo ao lado e para diante.

Este progresso no caráter nacional demanda dous esforços, que não chegam a ser sacrifícios: repulsa definitiva do habitual desencargo de consciência

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