ideias encerra uma multidão de verdades e de meias verdades, — produtos exclusivos da influência social, ou onde a influência social lançou uma dose, mais ou menos forte, de sugestão, de interesse ou de autoridade: cousas que se traduzem, todas, por perversões do critério racional.
A evolução do pensar humano passou, no fim do século XVIII, por um período caracteristicamente político: as faculdades do homem, longamente reprimidas pelas velhas instituições despóticas, desabrocharam numa primavera de ideias simpáticas, liberais, humanitárias que fundaram direito de cidade em muitos ramos da ciência. A democracia, os direitos do homem, o individualismo, a igualdade, o livre câmbio — todas as teses desse ressurgimento da iniciativa, da vontade e da energia — refluiram sobre os estudos científicos, inspirando hipóteses, alvitres e soluções.
A este período de simpatia e de liberalismo sucedeu, como era de prever, a reação dos interesses radicados nas velhas correntes históricas. Entre os traços expressivos deste refluxo nenhum se destaca com eloquência mais vigorosa do que a luta contra o princípio, ou contra o ideal da igualdade humana. Princípio e ideal pressupunham a identidade morfológica do organismo humano,