O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

remuneradora, qualquer reparação real à produtividade ou ao valor do solo.

O selvagem, surpreendido pela astúcia de navegadores, troca as pedras preciosas, o ouro, as especiarias por espelhos, objetos brilhantes e ornatos ostentosos. Nós outros, sem recebermos, de mão a mão, dos que exploram comercialmente as nossas riquezas, os palacetes das nossas avenidas, as carruagens, os automóveis, as joias, as letras fáceis e brilhantes, os vestuários, as modas que simulam o nosso progresso, e enquanto esse progresso nos embala com seus perfumes e com o espetáculo de suas grandezas e suas luzes de rampa teatral, não vemos que o Brasil real, o Brasil das matas virgens e das minas, com as aluviões e os sedimentos de milhares de séculos de trabalho do tempo e da natureza, vai sendo desnudado, minado, raspado, pulverizado, ressecado: o ouro puro segue para outras bandas, ficando-nos, em troca, as lentejoulas das nossas cidades e os arrebiques dos nossos palácios e das nossas avenidas!

Em nossa era, os povos novos, rapidamente civilizados, são, necessariamente, um tanto megalomaníacos. Há sociedades parvenues como os indivíduos, nações rastaquouères como os rastaquouères que flanam nos boulevards parisienses. A América, fundada pela política das metrópoles

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