O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

e se o momento é propício ao surto de outro povo mais forte, mais bem governado.

Não há atenuação possível à cor profunda desta realidade. Aos povos que viveram, quase exclusivamente, de vida pública, como as sociedades políticas da Grécia e as da Roma republicana, a história fez suceder as grandes tiranias medievais, sem vida cívica, nem vida social, mas com intensa vida política. A Idade Moderna procurou realizar, como governo representativo, a transação entre o indivíduo e a sociedade; mas o individualismo, no arrancar ao Estado a direção dos interesses sociais e econômicos, bateu de encontro aos abusos do seu próprio princípio, substituindo o despotismo do Estado pelo despotismo de indivíduos e grupos eventualmente mais fortes. O milionário, o sindicato capitalista, o trust representam, hoje, a mesma influência e o mesmo poder de Felippe II, de Colbert, das chartered companies. O papel dos governos contemporâneos, nas sociedades normalmente organizadas, consiste, neste ponto, em defender os indivíduos, contra os abusos do individualismo, a sociedade, contra seus déspotas espontâneos: em fazer a polícia da vida nacional e econômica contra os privilégios, os monopólios, os açambarcamentos dos reis das soberanias argentárias.

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