O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

brado oratório de patriotismo encobre uma confissão de abandono. A invocação à bravura, para longínquas e duvidosas batalhas, em lugar de nos mostrar noção certa de seus interesses, morais e materiais, com a alta coragem de civilizados, que estimam os bens intangíveis da honra, do brio, do amor à terra e à gente de sua pátria, capazes de trabalho e de organização, não nos faz aparecer senão como um povo de flibusteiros e de condottieri, valente para guerrilhas, com a intrepidez animal de leões, se quiserem, mas sem a coragem de varões livres. Explosão impulsiva, de forma oratória, este patriotismo brota da fonte onde nascem as manifestações doentias da alma, explodindo na erupção de uma batalha homérica que não é, porém, do Homero da Ilíada, mas do Homem da Batracomiomaquia...

Correr mentalmente para a ideia da guerra, deixando de atender à posição atual do problema e de lhe procurar as soluções, encerra todos os erros do balbuciar intelectual, todas as fraquezas de caráter das crianças. Esta atitude serve, apenas, para mostrar uma das manifestações da enfermidade nacional — mal superficial, de educação, mas dominante em toda a extensão dos nossos sentimentos, das nossas ideias e dos nossos atos: a tendência retórica da nossa mentalidade —

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