O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional

cuja presença, ou cuja vista, provocava a geração, curava as moléstias, dava a saúde e a vida, e guiava os passos — estava indissoluvelmente ligado às duas maiores realidades atingidas pelo olhar mais amplo do espírito selvagem: o horizonte, encerrando todo o espaço e o bando, exprimindo a solidariedade entre a vida de cada um e as vidas que o interessavam. Deus, o espaço e a grei confundiam-se nos espíritos. Estirpe e bando: a sociedade de interesse vital, em gestação.

Por quê? Não era Deus que interessava ao homem. No mundo físico, o que o interessava era o sol, a chuva, a luz, a terra, as plantas, os outros animais; no mundo social, os seres que lhe eram iguais e semelhantes em hábitos. Mas o cosmos e a sociedade não se mostravam ao homem senão por sensações e aparências grosseiras; a eterna pergunta sobre a realidade, ainda hoje insolvida, atormentava-o — não só como explicação das cousas, mas, até, como instrumento da ação humana sobre as cousas, e entre os demais seres. Onde, então, a chave da verdade: a explicação do senso, a origem da razão, o impulso do movimento e da vontade?

Deus. As sínteses humanas são tanto mais vastas e arrojadas, quando mais arbitrárias; Deus-universo e Deus-nação, Deus-criador e Deus-protetor,

O problema nacional brasileiro: introdução a um programa de organização nacional - Página 59 - Thumb Visualização
Formato
Texto