— "Estamos separados de Portugal" — seria a histórica afirmativa deste, à margem do Ipiranga, à tarde de 7 de setembro, confirmada por todas as testemunhas do fato.
Entrando a seguir em São Paulo, no teatro, à noite, foi D. Pedro espontânea e particularmente aclamado "Rei do Brasil", sem que do ato se lavrasse qualquer termo que o tornasse público, trazendo-lhe consequências. No dia seguinte, despedindo-se dos "Honrados Paulistanos", em Proclamação depois publicada no Rio de Janeiro, confirmou a divisa escolhida na véspera — "Independência ou Morte", mas nenhuma referência fez àquela não autorizada e acidental Aclamação.
Regressando ao Rio, como vimos no capítulo anterior, continuou a firmar decretos como "Príncipe-Regente do Reino do Brasil". E somente a 17 desse mês apareceu a sugestão do Senado da Câmara fluminense, para que fosse aclamado Imperador, como realmente aconteceu a 12 de outubro.
Todavia, ao instalar a nossa Assembleia Geral Constituinte e Legislativa, a 3 de maio de 1823, na Fala do Trono lembrou D. Pedro terem sido os paulistas os que primeiramente o aclamaram Imperador (cf. Cairu — op. cit., pág. 52). Trata-se, entretanto, de simples gentileza sua, não sendo jurídica ou historicamente válida a Aclamação de "Rei do Brasil", a 7 de setembro feita no teatro paulistano, por iniciativa pessoal do Cônego Ildefonso Xavier Ferreira. Pois somente a 12 de outubro, por coincidência também aniversário do descobrimento da América, teve efetivo início a vida do Brasil independente e imperial, pelo ato da Aclamação do Imperador.
Em 1954 resolveu a Seção de Bibliografia da Divisão de Filosofia, Letras e Ciências do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, de Washington, editar um volume contendo a reprodução das Declarações, Atas e Manifestos das Independências de todos os países da América. Fê-lo no ano seguinte, em belo álbum, que encerra numerosos fac-símiles, intitulado Las Actas de Independencia de América, editado com erudita Nota Preliminar do Sr. Javier Malagón e excelente estudo do Professor Charles C. Griffin.