Poeticamente, para expressar saudades do Brasil, parodiou o Imperador a conhecida canção de Carlos Gomes — "Tão longe".
Melancolicamente registrou: "Todos os amigos têm mudado muito. Veremos quais ficam joeirados pela minha mudança de posição".
No Diário n.º 35, que vai de 17 de novembro (primeiro aniversário de sua partida do Brasil) ao Dia de Natal de 1890, registrou a notícia de que os banimentos determinados pelo Governo Provisório seriam revogados pelo Congresso Constituinte da República, conforme telegrama recebido do Visconde de Ouro Preto. Depois se esclareceu que seria só o dos políticos, não o da Família Imperial, somente revogado em 1920. Anotou Mensagem de Deodoro àquele Congresso, e, do mesmo Ouro Prêto, recebeu a informação da possibilidade da eleição do Marechal para a primeira Presidência da República.
A propósito da venda do Jornal do Comércio a um grupo encabeçado por José Carlos Rodrigues, anotou maldizente comentário jornalístico, de ter sido aquele "o feudo que mais floresceu sob a monarquia" e "morreu banhado em ouro". Entretanto, dele muitas vezes divergia, comentou o Imperador. E, como sabemos, não morreu...
A 2 de dezembro celebrou, com a diminuída Família, seu 65º aniversário. Já lhe faltava a Imperatriz, a "minha Santa", como várias vezes classificou D. Teresa Cristina. O neto mais velho, D. Pedro Augusto de Saxe-Coburgo e Bragança, causava-lhe preocupações, inclusive em dissídios com Mota Maia e D. Isabel. Das terras desta, no Brasil, teve e registrou notícias da rabulesca Exposição de Motivos do Ministro Glicério e, afinal, de sua desapropriação pelo governo. De seus filhos, registrou a boa aplicação nos estudos, do segundo, D. Luís de Orléans e Bragança. E a todos divertia o caçula, D. Antônio, na intimidade "Totó".
Para distrair-se, lia livro sobre poetas latinos e o crítico português Moniz Barreto.