galega" — quanto a esta anotou D. Pedro II — "Donde vem o português".
Simples marcas de lápis embaixo de certas palavras ou à margem do texto, tanto podem indicar concordância como discordância do leitor imperial. Sabe-se que os anotadores de livros instintivamente estabelecem convenções a respeito, mas ainda ignoramos "a chave" a respeito usada por nosso Magnânimo Imperador. Mas quando escreveu Pereira da Silva que "cansam e fatigam, não raro, os repetidos e numerosos combates entre gregos e troianos" — com razão corrigiu D. Pedro — "Que variedade neles!"
Emenda simplesmente de maior propriedade do vocábulo é a do verbo "aguardar", em vez de "esperar", usado para Penélope e Ulisses.
Termina o capítulo homérico de Pereira da Silva pela justificativa da seguinte pergunta: "Qual o literato de gosto, em nossos dias, que se não alimenta e recreia com a leitura constante dos poemas de Homero? Jovens, recebemos deles parte de nossa educação literária nos liceus e nos colégios, e parte tão importante, que dela conservamos sempre recordações agradáveis na idade robusta; na velhice mais singulares belezas, mais seduções e encantos deparamos ainda, porque melhor podemos compreender a imensidade e a sublimidade do gênio, que tão magistralmente cativa e inebria o espírito e o coração". Ao que anotou D. Pedro II: "Um de meus maiores" (falta aqui uma palavra, que pode ser prazeres, divertimentos ou cuidados) "é comparar as diversas traduções com o original, fazendo notas àquelas. — Não me desagradou esta primeira parte e parece-me boa leitura para criar paixão como eu a tenho por esses poemas".
À vista dessas notas, poder-se-á imaginar a satisfação que causariam ao nosso segundo Imperador as primorosas traduções da Ilíada e da Odisseia que para as Edições Melhoramentos, de São Paulo, fez o Sr. Carlos Alberto Nunes(1) Nota do Autor.