dia amanhecer, pois era impossível seguir com tamanho temporal. A desumana mulher respondeu: - "não dou pousada não."
O Senhor coitadinho saiu e a custo chegou noutra casinha. Bateu. Apareceu então um velhote, que nem o esperou pedir. Foi logo dizendo: - "olha, aí de fora tem um paiol. O senhor entra bem devargazinho, sem que minha mulher veja, pois do contrário ela não o deixará ficar, e saia bem cedo, antes do dia amanhecer." Durante a noite a mulher começou com dor de dentes. Gritou tanto que ninguém pode dormir. O velho indo ao paiol buscar palha para aquecer um pano, disse ao viajante que aqueles gritos eram de sua mulher, que estava desatinada de dor. Jesus ofereceu para benzê-la. O velhote com muito medo foi propô-lo à mulher, que ao ter conhecimento da estada ali do viajante, xingou muito o marido e botou Nosso Senhor para fora. Jesus saiu sem enxergar aonde andava; raios caíam uns sobre os outros.
Quando já estava bem longe, ouviu os gritos do velho que vinha correndo atrás, pedindo-lhe que voltasse para benzer a mulher que estava louca de dor.
Contando-lhe ao mesmo tempo que ela se arrependera do que fizera. Jesus que era muito bom, voltou e benzeu a mulher assim (reza-se colocando a mão sobre o rosto do sofredor):
"Quando Jesus andou no mundo encontrou homem bom, mulher má, cama de palha, casa vazia e doença por onde entra por aí sai."
Como notou o leitor na primeira dessas benzeções aparece Santa Apolônia, cuja crença de protetora contra as dores de dentes, nos veio de fora.
Em Folklore de La Beauce e de Perche, encontramos:
"Pour guerir le mal de dent:
Sainte Apolline, assise sur une pierre de marbre, Notre Seigneur passant par là, lui dit:
- Apolline, qui fait-tu là?
- Je suis lei par mon chef, par mon saint, pour mal de dent.
Apolline, retourne-toi, si c'est une goute de sang, elle tombera: si c'est un ver, il mourra." Cinco Pater e cinco Ave em honra de Nossa Senhora.