Folclore Goiano

PREFÁCIO

Quando em viagem de estudos de Folclore pelo Estado de Goiás, há uns dois anos, um apresentado, de certa cidade perguntou-me: - "Doutô", que é isto de Folclore? A pergunta era justa. Folclore nome esquisito ainda para muita gente. Comecei a lhe explicar, e mal enunciara - estudo de histórias, superstições, "- ah! essas besteiras do povo, seu doutô", me atalhou meio desapontado.

Como este, haverá muitos outros brasileiros, que ao deparar com o título desta obrinha nas vitrinas, repetirão com seus botões: Bobagens de tabaréus. Que Brasil atrasado, ainda se publicam coisas assim! Outros, mais benévolos talvez, pensarão: Coisas engraçadas para passar o tempo.

No entanto estas coletâneas engraçadas escondem, debaixo de suas brejeirices, um sentido profundo, que escapa ao comum da gente. E não foi à toa, que os estudos das histórias, crendices e outras bobagens do povo, começados com os contos de Perrault e continuados com os irmãos Grimm, se multiplicaram rapidamente em todos os países, interessando nomes como Max Müller, De Gubernatis, E. B. Taylor, A. Lang, Cox, Bréal, Clod, Gedeão Huet, Gastão de Paris, Benfey. R. Kohler, Cosquim, Comparetti, A. Bastian. Evoluindo do mitologismo astronômico de Max Müller ao orientalismo de Gastão de Paris, deste ao antropologismo de A. Lang, ao ritualismo de Santyves, ao Método histórico-cultural da escola de Colônia, com Grabner, e norte-americana, com F. Boas. A escola psicanalítica está representada nos trabalhos de F. Riklin, Karl Abraham e sobretudo de Otto Rank. É que a "produção literária dita popular, afirma-o Von Gennep, é uma atividade útil, necessária à manutenção, ao funcionamento da organização social, por sua ligação com outras atividades materiais. Sobretudo em relação à sua finalidade, ela é

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