E Teócrito regista em Idílios 6º, outra maneira de evitar o mau-olhado - bater três vezes na barriga.
Em Virgílio, a Damoetas que narrava a magreza do seu rebanho responde Menalcas:
"His certe negue amor causa est: vix ossibus haerent Nescio quis teneros oculus mihi fascinat agnos."
Bucólica, égloga III.
O efeito do mau-olhado é o quebranto.
Essa força estranha é deixada na pessoa pela jetatura.
O caboclo defende a prosperidade de sua roça do mau-olhado pelo chifre-de-boi, segundo vimos.
Entre outras práticas preventivas do quebranto, correntes em Goiás, vou citar esta muito comum: Quando se elogia uma criança pela beleza ou robustez, deve-se acrescentar: "benza-o Deus" - isto corta o quebranto.
Se a pessoa não o disser, a mãe deve acrescentar baixinho - "beija no cu dela".
A primeira fórmula é corrente entre muitos povos europeus. Na Andaluzia, por exemplo, ao cruzar-se na rua com uma mãe que leva um menino de peito, ao se elogiar a criança, que se acrescente: Deus te benza. Se a pessoa não disser isto, a criança apanha quebranto.
Para cortar o quebranto a mãe repete: Deus te benza, até que a pessoa se distancie. Entre os povos da Ásia Menor - se uma pessoa dotada de mau-olhado diz a uma criança, sem acrescentar a expressão: Mas "por Allah" - como é bonita! A mãe do menino diz a esta pessoa: "Que teu olho esteja no cu do meu menino."
Graças a esta forma grosseira o menino se torna imune dos efeitos do mau-olhado.
Daí certamente procede a fórmula goiana, trazida pelos numerosos sírios estabelecidos no Estado.
PRÁTICAS MEDICINAIS
Encerro esta última parte do meu trabalho sobre Goiás, com a enumeração de algumas interessantes mezinhas da medicina popular.
NOTA - Traditions de l'Asie Mineure - pág. 868.