Plácido de Castro, um caudilho contra o imperialismo

Tudo afrontam valorosamente.

Só baqueiam adiante. Quando um poder maior que o dos elementos assalta a expedição-monstro, que mais parece uma nação em marcha.

A fome. A fome que cega e desespera.

E comem as lhamas. Comem os cães de caça. Os cavalos. Devoram às escondidas pedaços de índios - os índios que Pizarro manda estraçalhar quando lhe dão falsas informações sobre um rumo certo para a salvação. Comem folhas verdes. Raízes. Polpas venenosas, que vão lançando a uns no desvario, a outros matando em convulsões.

A bandeira meio destroçaria alcança, enfim, nas margens do rio Coca, uma nação de indígenas benignos. O cacique mata-lhes a fome. Dá-lhes pouso por meses e meses, até que descansem bastante e possam ali construir um barco para descer o rio, em busca das paragens mais férteis que ele afirma existirem para os lados do nascente.

Enquanto os brancos se revigoram, os estaleiros indígenas trabalham febrilmente. Improvisa-se de todo lado, na ânsia de escapar da morte. Fundem-se as ferraduras dos cavalos sacrificados, para fundir o cavername da nau. Os trapos que lhes cobrem os corpos descarnados se vão transformando em quilos e quilos de estopa. As resinas silvestres viram breu. Cada árvore que se abate é um pedaço que integra o casco da embarcação. Tudo num delírio de esperança e de fé.

Afinal, está pronto o bergantim.

Cinquenta homens de tripulação. Dois negros robustos, adestrados na arte de remar. Um religioso para cuidar das almas. Outro, para descrever as peripécias da aventura - Frei Gaspar de Carvajal. No comando da nau, el magnifico señor Francisco de Orellana, que avisou

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