Plácido de Castro, um caudilho contra o imperialismo

a Pizarro, na hora da partida, que procure voltar ao Peru se ao cabo de dez dias não vir regressar o bergantim.

E parte. Parte rio abaixo, ao sabor da correnteza que leva à embocadura do Marañon, descobrindo a todo instante pedaços de um mundo novo. Segredos jamais sonhados. Visões que fascinam e extasiam. Cada avanço na torrente é o assombro de ver uma gigantesca massa d'água, que se vai alargando milha por milha, engrossada por manadeiros que desembocam de todos os lados.

De quando em quando, um combate. Primeiro foram dias e dias sem vislumbrar vestígio de ser humano. Depois, a cada volta de rio, são saraivadas de flechas, para os distrair sinistramente da tortura da fome. Mas que vão semeando o pavor, instilando o veneno da rebeldia.

O Capitan y Teniente-General possui, contudo, a fibra dos grandes capitães de conquista. Enfrenta com a mesma galhardia tanto os mistérios do rio, a que já resolveu dar seu próprio nome, como o impetuoso motim que alguns companheiros pretendem a certa altura desencadear.

Afronta os rebeldes destemidamente. Fulmina-os com sua férrea energia. Joga-os à beira de um barranco, sem armas nem provisões, à vista de tribos ferocíssimas. E só poupa da punição exemplar, dentre os perjuros, o arrependido Frei Gaspar de Carvajal, para que lhe cante a glória em Castela, na Relación del nuevo descubrimiento del famoso Rio Grande que descubrió por mui gran ventura el Capitan Francisco de Orellana desde su nascimiento hasta subir a la mar.(2) Nota do Autor

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