ao contar na Europa que "a bola pula mais alto que as nossas cabeças, torna ao solo, volta outra vez mais alto do que a mão que jogou, levanta-se depois a um ponto já menos elevado, e vai se levantando cada vez menos, e ainda menos, à altura do pulo."
Presta-se igualmente para moldar pequenos odres - "borrachas", que inspiram depois aos lusos o nome com o qual a divulgam entre os brancos. E também "seringas", além de uma porção de outras aplicações que, aos poucos, vão tornando precioso o látex maravilhoso, que escorre dessas árvores de vinte metros de porte, de dois metros ou mais de circunferência.
Mas, até aí, tudo não passa de extravagâncias de índios, que não chegam a interessar de fato os civilizados europeus, pois, mesmo as primeiras notícias divulgadas, no século XVII, pelos relatos de Herrera e Torquemada, tratam com superior desdém a exótica descoberta dos "selvagens americanos".
Só em meados do século XVIII, o misterioso leite penetra o círculo de cogitações dos meios científicos do Velho Mundo. Quem o introduz, em 1745, é o sábio francês Charles Marie de La Condamine.
O grande astrônomo regressara de uma viagem de estudos à selva do novo continente, onde fora em busca de dados para determinar a exata grandeza de um arco de meridiano, a fim de esclarecer certas particularidades da forma da Terra, relativas ao achatamento polar. Mas, além dos conhecimentos astronômicos e geodésicos obtidos, comunica também à Academia de Ciências de Paris que, de Quito, lhe trouxera para estudos uma "pequena amostra de uma goma resinosa, de cor acentuadamente escura, quase negra, que disse chamar-se caoutchouc". Conta aos seus pares que ela deriva de uma árvore, abundante por ali, que "ferida mesmo de leve na casca, deixava