João Maria: interpretação da Campanha do Contestado

Toda esta diversidade de linhas demarcatórias de jurisdições diversas, oriundas certamente de um imperfeito conhecimento da terra e das distâncias entre os diversos pontos, embora já tivesse assento no Conselho Ultramarino o insigne Rafael Pires Pardinho, que percorrera, como Ouvidor, as Vilas sulinas, toda esta barafunda de competências veio a complicar-se ainda mais com a decisão do Morgado de Mateus, mandando estabelecer vila no planalto catarinense - a Vila de Lajes.

Com efeito, em 1765, foi restabelecida a Capitania de São Paulo e, em julho do mesmo ano, na Vila de Santos, tomava o Morgado posse do seu governo.

E, tão logo o fez, determinou a fundação da Vila de Guaratuba, como já vimos, e da qual resultou a primeira amputação do território catarinense, fazendo recuar da baía de Guaratuba para o Rio Saí as lindes entre os Termos do Paranaguá e São Francisco.

Um ano depois da sua chegada, estando já em São Paulo, sede do seu governo, mandou D. Luís Antônio de Sousa passar Carta Patente de Capitão-Mor do sertão de Curitiba a Antônio Corrêa Pinto, a fim de "fazer povoar o certam de Coritiba e toda aquela campanha que vai para o sul até as fronteiras desta Capitania". Tendo notícias de que na paragem chamada "as Lages, sita no sertão de Curitiba", havia terras "suficientes para estabelecer hua boa povoaçam", ordenou, a 9 de agosto de 1766, fosse o dito Correa Pinto fundá-la, dirigi-la e administrá-la, escrevendo na ocasião ao Governador do Rio Grande, José Custódio de Faria, para que prestasse o auxílio de que aquele necessitasse.

Em vez de auxílio, entretanto, Faria o que fez foi protestar, pois não podia o governador de São Paulo criar povoações em terras senão do seu governo.

Lajes, não obstante, foi fundada.

João Maria: interpretação da Campanha do Contestado - Página 64 - Thumb Visualização
Formato
Texto