João Maria: interpretação da Campanha do Contestado

Intensa campanha jornalística foi iniciada e executada no Paraná, campanha que se estendeu à imprensa da Capital Federal, na qual era pregada abertamente a guerra entre os dois estados - verdadeira cobertura aos intuitos de evitar a entrega do território, desrespeitando as decisões da alta Corte Judiciária. Teria essa campanha, segundo depoimentos obtidos pelo autor, no Paraná, custado uma cadeira de deputado federal na representação desse Estado, entregue ao Sr. Luís Bartolomeu, que era pessoa inteiramente estranha à sua política mas que se incumbira da realização da cobertura jornalística no Rio de Janeiro, cobertura destinada a preparar a opinião pública a favor da resistência aos arestos do Supremo.

Com efeito, conseguiu a campanha o seu objetivo. De um modo geral pode dizer-se que as simpatias gerais penderam para o Paraná - que surgia como um Estado espoliado em seus direitos a uma terra conquistada e desbravada pelos seus filhos. Nunca se fez, entretanto, menção às verdadeiras fontes históricas da questão nem às usurpações sofridas por Santa Catarina desde os ominosos tempos do Morgado de Mateus.

Acresce que o Paraná ainda contava com as simpatias de boa parte da oficialidade do Exército. Sendo Curitiba a sede do Distrito Militar, depois Região, numerosas unidades sediavam no Estado, principalmente na sua Capital. A oficialidade nelas destacada via-se num elevado ambiente social cercada da mais cordial hospitalidade e da mais sincera simpatia. Numerosos foram os militares que ali constituíram família. Tomados pelos sentimentos de muito natural bairrismo da população apaixonada pela sua causa, muito legítima e compreensivelmente, não ficaram os militares a ele indenes e, sem atender ou sequer procurar conhecer as razões históricas e jurídicas que davam a Santa Catarina os motivos às suas reivindicações e lhe haviam dado ganho de causa, contaminavam-se pela

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