Capítulos da história social de São Paulo

o que em matéria alimentícia lhes sobrava de seu próprio consumo! Talvez isso explique em parte o aumento do poder econômico do planalto nessa segunda metade do seiscentismo, quando os paulistas já não estavam mais empolgados pela faina escravizadora. (Alcântara Machado, Vida e morte do Bandeirante).

Outro caráter a ressaltar no Nordeste açucareiro é o tamanho da propriedade agrícola.

Esta se modela sempre pelo gênero de atividade agrícola que nela se realiza.

Nem seria possível que no Nordeste a fazenda de cana-de-açúcar fosse igual na sua modelação a fazendola policultural do planalto piratiningano.

Foi a média propriedade canavieira, em disparidade com o latifúndio do pastoreio o tipo da célula rural no Nordeste, onde se foi formando graças ao poder aquisitivo elevado, da aristocracia rural que teve lugar nessa região, onde se colocou em antagonismo com a da classe urbana dos comerciantes portugueses os moradores dos sobrados, como tivemos ocasião de ver, em 1710 na Guerra dos Mascates.

No planalto piratiningano foi tudo inteiramente diferente! Aí, em razão do gênero da cultura, a propriedade foi diminuta. O caráter, por isso não se fez integralmente rural. As distâncias curtas predeterminaram um caráter semiurbano na população local. (Ellis, Raça de Gigantes). Aí, os habitantes moravam na vila e se transportavam a pé para os seus sitiecos nas redondezas. Isso já não seria possível nos imensos latifúndios do pastoreio, onde as enormes distâncias isolavam entre si os núcleos de povoadores. Aí os latifúndios tinham de viver em autarquia isolada.

Essa diversidade de vida, de constituição social e econômica etc., produziriam por força não poucas consequências.

O planalto paulista pelo seu valor econômico era abandonado pela metrópole que relegava essa região ao olvido, em

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