e Teixeira Mendes, vai caindo num esquecimento difícil de ser quebrado pela falta de elementos elucidativos. Acham-se estes perdidos em opúsculos e livros raros, em colaborações de jornais e revistas da época, em discursos e escritos sepultos nos anais das assembleias legislativas da União e dos estados, em sentenças e decisões judiciárias, em documentos que só se podem manusear nos caóticos e pouco acolhedores arquivos das nossas escolas secundárias e superiores, onde vários discípulos de Comte lecionaram, ou perante cujas congregações defenderam teses de doutoramento ou de concurso.
O estudo dos positivistas independentes é, entretanto, indispensável. Sem o seu conhecimento, a história do Positivismo no Brasil torna-se incompleta, e, sob alguns aspectos, quase incompreensível.
Colecionando o autor, há perto de quarenta anos, dados e documentos sobre os discípulos brasileiros de Augusto Comte, anteriores ou alheios ao Apostolado, resolveu, incentivado pelo grande livro do Professor Cruz Costa, trazê-los à publicidade, principalmente depois que o Embaixador Paulo Carneiro colocou à sua disposição rico acervo inteiramente inédito: perto de três centenas de cartas de positivistas brasileiros, chilenos e mexicanos dirigidas a Augusto Comte, Pierre Laffitte, Robinet, Audiffrent, Congreve e outros discípulos franceses e ingleses do fundador do Positivismo, em cuja casa, em Paris, estão arquivadas.
A esse acervo pertencem vinte e quatro cartas de Miguel Lemos a Pierre Laffitte. As mais importantes delas são, em apêndice, reproduzidas na íntegra, assim como todas as que foram consideradas de interesse para a história do Positivismo no Brasil.
Pretendendo este ensaio fazer o levantamento, até aqui em grande parte ignorado, do que haja sido, entre nós, a penetração do Positivismo, antecedente ou paralela à ação do Apostolado, muitas são as suas falhas. Pede o autor a quantos, parentes ou amigos dos discípulos de Comte aqui enumerados (ou de outros que só por um lapso deixaram de ser referidos), possuam elementos esclarecedores da atuação de cada um, tenham a bondade de indicá-los para as correções, acréscimos e desenvolvimentos a serem introduzidos numa segunda edição. E, contando com a benevolência a que faz jus por visar tão só a contribuir para a elucidação de um dos mais importantes movimentos de ideias já verificados no Brasil, relembra o dístico de Ovídio:
"Da veniam scriptis, quorum non gloria nobis
Causa, sed utilitas oficiumque fuit".
(Ex Ponto, L. III, ep. IX, vs. 55 e 56).