História do positivismo no Brasil

em Paris, e, através deste, ao Senador Almeida, da sabedoria com que substituíra o estudo do Direito pelo da Engenharia.

Era, como se vê, uma antecipação do combate que, ao bacharelismo, moveriam Pereira Barreto e outros discípulos brasileiros de Augusto Comte.

O nosso ministro em Paris nesse tempo era o gaúcho José de Araújo Ribeiro, futuro Visconde do Rio Grande, que mais tarde daria a lume a obra anônima, de cunho naturalista e filosófico: O Fim da Criação ou a natureza interpretada pelo senso comum, editada no Rio de Janeiro, em 1875, e traduzida para o francês, alemão e inglês. A tradução para este último idioma foi prefaciada por Charles Darwin.(7) Nota do Autor

Quem era, porém, o Senador Almeida, pai do discípulo de Augusto Comte? Senadores Almeida, em 1839, eram Patrício José de Almeida e Silva, do Maranhão; Manoel Caetano de Almeida e Albuquerque, de Pernambuco, e Francisco de Paula Almeida e Albuquerque, também de Pernambuco. O primeiro foi senador de 1826 a 1847; o segundo de 1828 a 1844, e, o terceiro, de 1838 a 1868. Estando o discípulo de Comte em Paris pelo menos desde 1836, somente pode ser filho de um dos dois primeiros, únicos que, nessa data, já eram senadores. A determinação do pai de J. P. d'Almeida deve ser feita, pois, entre Patrício José de Almeida e Silva e Manoel Caetano de Almeida e Albuquerque, tudo levando a crer tratar-se do primeiro à vista da identidade das iniciais dos dois primeiros nomes.

Eis como Rodolfo Garcia, com a autoridade de um dos mais seguros sabedores de nossa história, consultado pelo autor deste livro, resolveu a questão:

"Patrício José de Almeida e Silva era formado em direito. Nomeado senador pela província do Maranhão, na criação do Senado, em 1826, tomou posse a 8 de maio de 1827. Faleceu no Rio em 1847. O Jornal do Comércio de 22 de dezembro daquele ano, com a sobriedade de costume, assim lhe noticiou o falecimento: "O Sr. Patrício José de Almeida e Silva, senador pela província do Maranhão, faleceu ontem e será sepultado hoje no mosteiro de São Bento". Devia ser brasileiro nato. Não me parece provável que a denominação "Senador Almeida" se aplicasse a qualquer dos dois Almeida e Albuquerque, de Pernambuco porque o apelido Albuquerque devia prevalecer, conhecida a velha prosápia que ele encerra e de que eram tão orgulhosos os seus portadores. Assim, por exclusão, quero crer que Patrício José é o único dos Almeida, senadores do Império, capaz de ser o pai pirrônico do jovem Almeida, a quem suspendeu a mesada por ter trocado a carreira de advogado pela de engenheiro. Convém lembrar que o velho era formado em direito, e queria naturalmente seguisse o filho sua profissão. Coisa vulgar no Brasil antigo..."

História do positivismo no Brasil  - Página 23 - Thumb Visualização
Formato
Texto