História do positivismo no Brasil

III

Dos demais brasileiros que, na Escola Politécnica, frequentaram os cursos de Augusto Comte, três foram ainda seus alunos particulares, segundo consta de notas de seus arquivos, colhidas pelo Embaixador Paulo Carneiro e por este fornecidas ao autor do presente estudo: José P. d'Almeida, Antônio de Campos Belos e Agostinho Roiz Cunha.

José P. d'Almeida figura na lista dos discípulos particulares de Comte desde janeiro de 1837, com o pagamento mensal de 80 francos. Em dezembro desse ano juntam-se-lhe os dois outros. Ao lado do nome de José P. d'Almeida, anotou Augusto Comte, em dezembro de 1837: "Deux brésiliens (A. J. de Campos Belos et Cunha)".

Em 30 de maio de 1838, Campos Belos escreve a Augusto Comte prevenindo-o de não poder continuar as aulas que vinha tendo com ele, porquanto deveria partir dentro em pouco para Munique, onde seus pais queriam terminasse os seus estudos. Uma das maiores tristezas que lhe causava a sua partida de França — dizia — era não poder continuar as lições que Comte sabia tornar tão cheias de interesse. Duvidava jamais pudesse encontrar um professor capaz de substituí-lo. Não pensasse o filósofo que assim se externava por simples cortesia. Suas palavras traduziam a expressão fiel, mas bem mínima, dos sentimentos de estima e admiração que professava para com o seu mestre. Se pudesse ser-lhe de alguma utilidade em sua nova residência, os pequenos serviços que viesse a prestar-lhe consolá-lo-iam um pouco da infelicidade de tê-lo perdido.

Antônio Roiz da Cunha prosseguiu nas aulas particulares com Augusto Comte até março de 1839. Enquanto cursavam juntos, os dois brasileiros pagavam a soma de 150 francos por mês. Ao ficar só, Antônio Roiz da Cunha passou a pagar mensalmente 100 francos. De Falmouth, a 17 de março de 1839, escreveu ele a Augusto Comte uma carta de despedida.

José Patrício de Almeida permaneceu ainda, como aluno particular de Augusto Comte, até o fim de 1839, época em que também deixou Paris. Dele se encontram, nos arquivos do filósofo, quatro cartas das quais se conclui que o jovem brasileiro, filho de um senador do Império, se viu em sérios apuros em França. É que fora a Paris a fim de doutorar-se em Direito. Julgando, todavia, carecer o Brasil de seu tempo mais de engenheiros que lhe mobilizassem a indústria, do que de bacharéis, resolveu, por conta própria, ingressar na Escola Politécnica. Ao saber, porém, da mudança de carreira do filho, suspendeu-lhe o pai os meios de subsistência. Apelou, então, o jovem para Augusto Comte a fim de que este lhe pleiteasse a causa, convencendo ao nosso ministro

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