Pedro II

Nele nada há convencional; nada desses intuitos que na velha Europa prendem o soberano à nação; nada dos deslumbramentos do poder supremo; nada dos hábitos de servilismo ou das praxes tão caras à índole dos cortesãos, de que temos ainda uma dúzia ou dúzia e meia, simplesmente para a conservação da espécie; nada interesseiro a bem da distinção em casta ou classes, tão acentuada e vexatória nos países mais adiantados e até em muitas repúblicas.

É coisa íntima, sincera, leal e que a um tempo exaltam o Brasil e o monarca.

Pela nossa índole, naturalmente calma, um tanto fria e pausada, pesada, se quiserem, mas sensata — e esse foi também precioso legado português, certo sanchopansismo, que dá sempre tempo ao tempo e furta o corpo aos ímpetos, desvarios e arrebatamentos da imaginação, em sua avidez de novidades; — as manifestações daquele afeto são raramente ruidosas e custam a aparecer; mas o Imperador, na elevação do seu pensamento, nunca fez delas cabedal, pois sabe que entre o seu coração e o do povo há uma ligação estreita, valente e misteriosa.

Muitas causas para isto concorrem.

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