Justiniano José da Rocha (1811-1862)

vezes surgidas depois na vida republicana. Formou ele na plêiade dos grandes jornalistas brasileiros, que por sua doutrinação, a bravura com que defenderam sempre suas opiniões e a noção exata que tiveram do ângulo em que se situava o interesse pátrio, constituíram fatores valiosos na formação da nacionalidade.

Foi o nosso biografado um exemplo de fidelidade à sua vocação de jornalista. Nunca desertou da profissão que, como "túnica de Nesso", segundo ele mesmo disse, se lhe grudou às carnes para, na luta sem tréguas com dificuldades e necessidades, levá-lo afinal a um fim inglório, após vinte e cinco anos de atuação no cenário em que representou e ao qual imprimiu a marca indelével do seu grande talento e da sua bela cultura.

Esteve presente, com a sua brilhante pena de jornalista, nas principais fases da luta da liberdade com a autoridade, por ele analisadas no seu famoso ensaio Ação; reação; transação, pois estreou na imprensa em 1836 e seguiu a evolução política do Império até 1861, ano em que suspendeu a publicação do seu último jornal, para morrer no ano seguinte. Foi assim uma testemunha, e, mais do que isso, ativo participante dos acontecimentos pela colaboração ou pela crítica da sua pena, quer como jornalista, quer como escritor político.

A democracia brasileira muito deve ao seu pensamento, à sua fé e ao seu patriotismo. Foi aplaudido e foi combatido e, no balanço do julgamento público, mais vítima de injustiças do que alvo de compensações.

Em vida, quando ferviam as paixões e se jogavam os interesses partidários, era natural que assim fosse. Hoje, um século decorrido da sua morte, uma refletida e imparcial reconstituição dessa vida quase esquecida pode procurar a verdade, que é sempre o objetivo da História, para com ela e através dela se retratar a figura de Justiniano José da Rocha, com serenidade, compreensão e justiça.

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