Traços biográficos
"Um dos talentos mais brilhantes que adornaram as letras e o jornalismo da nossa terra, o Dr. Justiniano José da Rocha, escrevendo a vida do ilustre Marquês de Baependi, enunciou um conceito que não pode ser contestado em sua generalidade, quando acusou de ingrato e esquecedor o povo brasileiro.
Com efeito, é uma triste realidade. Nem o passado nem o futuro do país atrai entre nós a atenção pública, que descuidosa se deixa absorver na contemplação dos sucessos e dos homens do presente. Para os acontecimentos do passado - desse passado ainda tão recente, mas tão fértil em grandes exemplos e lições proveitosas -, só há esquecimento e indiferença da parte de quase todos, e até escárnio e ridículo da parte de muitos."
Essas palavras são do Barão do Rio Branco, ao escrever, ainda aluno da Faculdade de Direito de São Paulo, a biografia do General José de Abreu, Barão do Cerro Largo, herói esquecido das campanhas do Sul, nas duas primeiras décadas do século passado.
O conceito do biógrafo de Manuel Jacinto Nogueira da Gama, Marquês de Baependi, e que tanto calou no espírito de Rio Branco, pode aplicar-se ao próprio Justiniano José da Rocha, grande jornalista do Segundo Império, cujo centenário de falecimento foi comemorado em 10 de julho de 1962. Na lembrança dos nomes do passado, dos que foram grandes nos campos da vida pública por eles escolhidos, Justiniano é dos mais esquecidos e injusto o desconhecimento da sua ação, como imperdoável o olvido em que jaz na galeria dos mais notáveis jornalistas brasileiros.
Sua pena esteve sempre a serviço do Partido Conservador, que defendeu e amparou com calor e inteligência, jamais desertando