Justiniano José da Rocha (1811-1862)

O jornalista

O jornalista é um homem de biografia curta, se a sua vida se restringe ao jornal. Seu campo de ação está então limitado aos acontecimentos do momento em que escreve. Aí cresce de valor se a sua pena é inspirada pela relevância dos problemas a tratar, que lhe favoreçam motivos para doutrinar, pregar ideias, defender princípios. Numa época corriqueira, no dia a dia sem altura da vida pública, na banalidade dos fatos comuns, por maior que seja o seu talento, por melhor que seja o seu estilo, seu renome não vence o efêmero da imprensa e sua memória não perdura na lembrança dos vindouros. Sem a Independência, sem as lutas para a separação da metrópole e a formação da nacionalidade, Hipólito José da Costa e Gonçalves Lêdo não teriam alcançado as glórias que os consagraram no jornalismo brasileiro. Sem a Regência, Evaristo não se teria alçado à preeminência que conquistou na imprensa de nossa terra. Sem a Abolição, Patrocínio não seria hoje lembrado. Sem a República, Quintino não teria conquistado o principado da imprensa nacional e Rui estaria, talvez, esquecido como jornalista. Grandes jornalistas teve o Brasil neste século e meio de independência política. Mas só aqueles que lograram a ventura de escrever em época agitada pela paixão oriunda de um acontecimento magno do momento histórico conseguiram a consagração duradoura, pela influência de sua pena doutrinária.

Justiniano José da Rocha, quando seu nome já estava aureolado pela fama, atuou na imprensa numa fase de evolução normal da vida brasileira. Se cresceu na admiração dos seus contemporâneos e consagrou-se no julgamento dos pósteros é porque seu valor era realmente grande.

Justiniano José da Rocha  (1811-1862) - Página 34 - Thumb Visualização
Formato
Texto