atos do Ministério e que era a opinião manifestada no referido artigo a do redator principal da folha, como se eu pudesse admitir tal independência de caráter, e que repliquei acrescentando que não gostava de fraudes nem mesmo pias".
Nos registros com a data de 25, o Imperador transcreve os apontamentos a que se referira antes, relativos aos gastos de cada Ministério com jornais e jornalistas. Nessa relação, figura Justiniano José da Rocha recebendo do Ministério da Justiça 100$000 por mês, quando antes recebia 400$000, e do Ministério dos Estrangeiros de 300 a 400$000 por mês. Depois de registrar todos os pagamentos feitos, diz o Imperador: "Minha opinião a respeito de semelhantes despesas é bem sabida dos ministros e eu já a disse neste livro".
Não abandonava o Imperador a ideia da folha oficial. Insistia sempre por essa necessidade junto aos Ministros, que não o ouviam. O trato pessoal com o jornalista, a ilusão de que pode parecer ao público sincero e desinteressado um artigo de apoio ou de elogio, o interesse de cada qual cuidar pessoalmente da sua vaidade junto à imprensa, primava naquele tempo, como primaria hoje, sobre o superior ponto de vista imperial. Os Ministros não acreditavam por certo no valor de um comentário do órgão oficial. O processo do suborno à imprensa, em que cada um pudesse orientar a pena do jornalista no sentido de sua vaidade ou do seu interesse pessoal foi sempre sedutor para o homem público que ama o elogio ou corteja a popularidade. O que faz diferente a época de Pedro II da de hoje é que naquele tempo um jornalista do valor e do prestígio de Justiniano José da Rocha contentava-se com 100$000 por mês...
Afinal, a insistência patriótica de Pedro II venceu a obstinação dos seus Ministros. No Ministério de 30 de maio presidido por Araújo Lima, Marquês de Olinda, foi resolvida a criação do Diário Oficial. Encarregou-se Sinimbu, Ministro da Justiça, de organizar o plano que importava numa despesa de 50 contos por ano. Pedro II acreditava que a economia feita com o dinheiro pago com jornais amigos do Governo compensaria o gasto.