1. A argila e suas características
"Pelo verão costumam ir a determinados lugares e aí fazem uma espécie de pão de barro colhido neste local e a que dão o nome de Paracaumã. Trazidos esses pães para suas casas, vez por outra raspam-nos um pouquinho e comem essa raspa assim obtida. Dizem que fazem por ser gostoso".(1) Nota do Autor
Assim começa uma das informações sobre o uso do barro como alimento entre os povos atrasados da Amazônia.
É um vício que, hoje e de há muito, não circula somente na região do aborígine, mas irrompe entre os civilizados, principalmente adolescentes, nas cidades, vilas e povoados do vale.
Entre os índios, a participação de certas tribos na ingestão do barro é geral e ocorre com mais frequência quando a fome assola as aldeias e quando há barreiros de argila plástica.
Que vem a ser essa terra que tanto seduz os geófagos?
A argila, com suas variegadas cores, dá bizarra fisionomia aos barrancos. Vermelha, amarela, violeta, cinzenta, esverdeada, ela se distribui em camadas, às vezes mais e às vezes menos finas, de fácil e rápida dissolvência ou de maior resistência. A tabatinga, quando branca ou de formação caulínica, exposta ao sol, endurece como pedra.
A argila lilás era considerada distinta pelo pouco saibro e por se decompor facilmente com ácidos. Encontradiça em Coari (onde estivemos em 1928) e Tefé (que também conhecemos de passagem). Como o caulim, é aderente e eminentemente plástica. Toma, ao calor e pela impregnação ferrosa, tonalidade violeta-avermelhada ou violeta-pálida, sendo intensamente aproveitada pelos índios na louçaria.
Acuña, ao descer o Amazonas, já se referia ao grés (arenito) avermelhado e ao barro branco (tabatinga), sendo de notar a preponderância da argila vermelha.
A argila de Coari e Barra do Rio Negro, submetida a análise, denotou a presença de silício, óxido férrico, potassa com vestígios de