A pantofagia ou as estranhas práticas alimentares na selva. Estudo na Região Amazônica

1. Os substitutos vegetais

A necessidade do sal para os humanos e os animais fez com que os povos da Amazônia sempre se preocupassem com esse condimento alimentar, de modo a dividirem os aspectos do problema em dois ciclos distintos:

1) a procura incessante de substitutos vegetais;

2) as manifestações de demanda e oferta do sal mineral ao irromperem as primeiras formas de comércio.

O cloreto de sódio (NaCl), representativo do sal de cozinha, é encontrado: a) dissolvido na água do mar; b) em depósitos no subsolo, como resultado das evaporações (sal-gema).

A participação do cloreto de sódio nas águas marinhas é de 77,8% em relação aos outros sais.(1) Nota do Autor A quantidade do NaCl na água salgada vai de 26 a 29 gramas/litro.

Atualmente, o sal entra na fabricação da barrilha (Na2CO3) aplicada à indústria têxtil e ao vidro. O Brasil ocupa o décimo lugar entre os países consumidores de sal, podendo hoje chegar a um consumo de mais de cinco milhões de toneladas, a partir de um milhão em 1958. Do sal são extraídos, também, o cloro e a soda cáustica.

A falta ou o não-conhecimento da existência do sal mineral desenvolveu na Amazônia, ao lado da geofagia, a busca de plantas salinosas.

A importância do "caruru-das-cachoeiras" na substituição do sal representa um ciclo histórico importante nas regiões das pedras, até o momento em que o sal comercial pôde chegar às povoações mais distantes da Amazônia. Assim mesmo, fora das áreas ribeirinhas de maior movimento, o sal ainda é problema.

Nas regiões dos montantes fluviais, quando começam as corredeiras e quando os pedrais avultam até as cachoeiras, os nativos tinham como principal fonte de socorro o caruru-das-cachoeiras, ainda que, como veremos adiante, houvesse substitutos outros.

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