3. A cinza alimentar e suas variadas aplicações
Justamente pelo seu conteúdo salino, a cinza de certos vegetais é aproveitada como alimento ou misturada a outras práticas de ingestão. Também é aplicada como remédio.
Os Kalapalo lavam a cinza de certas árvores para encontrar o sal e a misturam com pimenta para as refeições.(35) Nota do Autor Os veados, por sua vez, buscam as queimadas para lamber a cinza. Sabendo disto, os nativos ficam de emboscada para matá-los a flechadas.(36) Nota do Autor
O moquém não serve somente para, com a fumaça, secar a carne e assegurar-lhe maior conservação; essa defumação acrescenta, ao de leve, o gosto salino que sobe com a fumaça de certos paus que alimentam o fogo.(37) Nota do Autor
Conforme vimos como introito ao capítulo I, os índios (no caso, os Pariukur) faziam pães de barro. Esses índios
"[...] também tem o costume de comer a cinza dos cigarros, quando fumam, o que fazem, quase só à noite, com tauari (casca de uma árvore que, depois de batida com um cacete, separa-se em lâminas finas e que serve de papel de cigarro) e folhas de fumo vindo de fora ou plantado por eles próprios, secas ao fogo; dizem eles que o fazem porque o gosto salitrado da cinza lhes é agradável."(38) Nota do Autor (EF.292).
A cinza, entre os Sanumá (fronteira Brasil-Venezuela), tem aplicação viciosa:
"Uma característica sanumá é o uso de folhas de tabaco amassado com cinza em um rolo em forma de meia-lua e colocado entre o lábio e os dentes inferiores, o que lhes dá uma feição peculiar, devido à distensão exagerada do lábio inferior."(39)Nota do Autor
Partir o charuto e ficar esfregando uma das partes cortadas nos dentes era hábito das mulheres do Pará, pelo menos nessa região da Amazônia. Servindo para clarear os dentes, passava a ser vício.