Fragmentos de cerâmica brasileira

são diversos membros da família nuaruaque e não os cariba ou jê, baseando sua opinião nas seguintes observações:

"1) O alto grau de perfeição alcançado por esta cerâmica que originou produtos os quais, usando das palavras de Ehrenreich, "fazem concorrência com os melhores artefatos peruanos e representam talvez a suprema produção artística jamais atingida por indígenas da Sul-América cisandina".

2) O parentesco frisante que esta cerâmica manifesta em comparação com produtos de olaria ainda hoje fabricados pelas tribos do tronco nuaruaque, encontrados e estudados por Karl von den Steinen, no Xingu.

3) A importante circunstância, constatada por Karl von den Steinen, de que por toda parte, onde no Brasil Central tribos de outros troncos produzem a cerâmica artística, os mestres e introdutores desta indústria foram sempre, sem exceção da regra, nuaruaque vizinhos, mormente mulheres roubadas.

4) Os estudos de Barbosa Rodrigues sobre a cerâmica de Miracanguera atribuída por ele, com feliz intuição, aos aroaquis, membros da familia nuaruaque.

5) Os costumes funéreos, as tradições artísticas e a habilidade técnica e industrial dos nuaruaque ainda existentes no Norte da Sul-America (arrowak nas Guianas Inglesa e Holandesa).(1) Nota do Autor

6) As fontes históricas dos escritores coevos da invasão europeia, colecionadas em diversos trabalhos por Domingos Soares Ferreira Pena, quando consultadas com o criticismo necessário."

Assegurou ainda o dr. Emilio Goeldi que Ferreira Pena passou toda a sua vida em erro de tomar os aruã como pertencentes aos caraíba ou cariba, e este preconceito foi funesto sobre quase todos os outros investigadores. Visto que Ferreira Pena não ligava a cerâmica marajoara com os aruã e neengaíba, coevos da invasão portuguesa, ninguém mais ousou fazer isso e assim é que nem Hartt e Ladislau Neto, apesar de volumosos trabalhos publicados sobre o assunto, não se pronunciaram acerca da idade daquela extinta indústria e cultura, pelo contrário, transpirando por muitos lados, especialmente em Ladislau Neto, uma grande vontade de recuar a origem da cerâmica para muito tempo atrás.

Só Barbosa Rodrigues afirmou, como já mencionamos à p. 17, que os aterros sepulcrais de Marajó não são pré-históricos e que foram construídos pelos neengaíba, um ramo colateral dos aruaque. Ele chegou a este resultado pelo estudo comparativo da cerâmica funerária de Miracanguera localizada em Itacoatiara, antiga Serpa, no vale Amazônico.

Comparando as cerâmicas de Marajó e Cunani com as de Miracanguera, no Amazonas, Goeldi mostra certos pontos de contato e parentesco entre elas, afirmando que estas últimas têm a forma das de Marajó, às vezes fisionomias em relevo lembrando as de Cunani e tampas parecidas com as de Maracá.

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