Fragmentos de cerâmica brasileira

de outros estudos sistemáticos mais precisos do seu estilo e baseados em material mais abundante.

Importância da cerâmica marajoara

É incontestável que a nossa maior riqueza arqueológica é a cerâmica indígena e, dentro dela, a mais valiosa, pela técnica e perfeição das suas peças, é a da Amazônia, principalmente a de Marajó.

Digna de nota é a admiração do companheiro de Orellana, o monge Gaspar de Carvajal, para quem a louça do Amazonas era "la mejor que se ha visto, en el mundo, porque la de Málaga no se igualla con ella".

Angyone Costa refere-se à cerâmica de Marajó nos seguintes termos:

"O ponto mais alto que atinge a aculturação oleira em nosso país é este discutido depósito arqueológico de Marajó. Não se chegará, entretanto, a uma compreensão clara sobre a existência desse núcleo, isolado na foz do grande rio, sem que metódicas escavações, em vários pontos da ilha, acompanhadas de pesquisas nos arquivos dos jesuítas da antiga província do Grão-Pará e do antigo estado do Maranhão, venham a esclarecer, perante os métodos modernos da arqueologia e da etnologia, a procedência, período de fixação e causas de desaparecimento dessas tribos, atualmente fixados, apenas, na arquitetura das nossas hipóteses."

Seria a cerâmica marajoara, em todos os sentidos, o produto de um grupo especializado de operários, cuja única função na sociedade era o seu fabrico? Parece-nos que sim. Neste ponto estamos concordes com o casal Evans e bem assim no que diz respeito ao povo que construiu a ilha de Pacoval, o qual deveria possuir um governo forte e de longa duração, sendo provável que a sociedade marajoara estivesse dividida em duas classes: a mandante e a mandada.

A cerâmica marajoara corresponde, portanto, ao nosso mais rico material oleiro. São-lhe peculiares os ídolos de figuras humanas estudados por Hartt e os ídolos do provável culto fálicos, objeto de especial atenção de Ladislau Netto, impondo-se também pela originalidade, abundância e qualidade a chamada tanga.

Embora Von Martius(1) Nota do Autor tomasse conhecimento em primeira mão de urnas funerárias na ilha de Marajó(2) Nota do Autor (Analáu Ychynháku, no idioma aruã), não lhes deu a devida importância e assim, até o ano de

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