O povo, isto é, as classes que constituem a massa operante e ativa da sociedade econômica, é refratário, senão hostil, às sutilezas e às minúcias. O que ele quer, o que ele entende, o que ele compreende e assimila, são os planos gerais, as leis gerais, os fenômenos em seu conjunto. Fora daí, far-se-á trabalho exaustivo, mas, contrário aos fins colimados, porque, ao invés de iluminar-se-lhe o entendimento e de darem-se-lhe meios de vencer na vida, o que se faz é plantar em seu espírito uma lamentável confusão, de funestíssimos resultados.

Nosso estudo, entretanto, se não visa apresentar-se como um desses pesados trabalhos a que aludimos, por igual não poderia, de sua própria essência e intuitos, e da vastidão das épocas e assuntos que abarca, abandonar o comentário dos fatos, procurando, na história luso-brasileira, o encadeamento de uma evolução que, prisma facie, se nos afigura fragmentária, mas que se liga, concatena e solda em todos os seus elos, vindo por etapas sucessivas até ao momento culminante que atravessamos.

De todos os ramos de nossa atividade econômica partem raízes que de novo se encurvam e arraigam ao solo comum, o da antiga terra portuguesa, nas suas leis, nos seus usos, nos seus costumes, nas suas influências ancestrais.

Apanhar essas leis, estudar esses usos, perquirir esses costumes, remontar os nossos fenômenos econômicos às suas fontes ancestrais, tal é e deve ser o propósito principal deste trabalho.

Ele se consagra, porém, mais que os outros ramos da nossa atividade, à agricultura e à pecuaria.

O Brasil tem vivido delas, antes de tudo e sobretudo.

Somos um país de lavoura e de criação. Passado o sonho ou pesadelo das minas de oiro e prata, de tão tristes resultados para o próprio Portugal, por isso que a facilidade da riqueza abundante e momentânea afetou a fibra e desabituou ao trabalho constante e árduo o colono português, minas que teriam de ficar como objeto comum de exploração industrial, —