servo da gleba, cuja condição social muda, porque a mão de ferro da adscrição cessa de o prender irrevogavelmente ao solo, mas cujo estado material, quando ele começa a viver na herdade paterna, é do mesmo modo gravoso pelo excesso de encargos que pesam sobre a terra e virtualmente sobre ele."(6) Nota do Autor
O grande investigador, que prestou à história de Portugal os mesmos extraordinários serviços que H. Taine à das origens da França contemporânea, e que tão entusiasta se mostra, em seu formidável estudo, quanto à evolução operada no conceito do homem em face da propriedade e do proprietário das terras, dois séculos antes dos descobrimentos, encerra o seu volume com estas palavras: — "Supondo que os adscritos ou as famílias dos adscritos continuassem a viver voluntariamente nos prédios da Coroa, a sua sorte nem sempre, e talvez raras vezes melhorou". (O grifo é nosso).
Os encargos haviam passado de pessoais a reais, do homem para a terra. Embora assim fosse, "não raro haveria nisso um sacrifício ainda maior do que todos os gravames a que estavam sujeitos."(7) Nota do Autor
É certo que os descobrimentos marítimos vieram no século XV, e que entre este e o século XIII houve sérias reformas. A verdade, porém, é que, quando se tiveram de transportar para as colônias conquistadas, os portugueses ainda se sentiam oprimidos pela tradição multissecular dessa penosa e aniquiladora servidão.(8) Nota do Autor
Tal foi a causa histórica e remota de suas atitudes em face da lavoura, no Brasil.
J. Tierno, em magistral estudo, ainda que tomado de desalento e deixando transparecer um certo pessimismo, deu-nos uma