Pontos de partida para a história econômica do Brasil

Portugal dispunha, como ainda dispõe, de uma situação geográfica privilegiada. Estava, por isso mesmo, fadado a um futuro radioso, com a série de colônias que o destino lhe reservara.

O arrojo da conquista levou-o, todavia, muito além do que lhe seria necessário para a fundação de um império e a conservação de sua própria grandeza. O valor entre os seus homens apurava-se nos lances da guerra, no sangue derramado e nas riquezas alcançadas. Foi assim na Índia; foi assim na África, onde o sonho de um vasto império acabou na catástrofe em que desapareceu a fina flor de suas tropas, e sucumbiu seu jovem soberano, D. Sebastião. Foi assim no Brasil, onde, durante três longos séculos, não se tratou de imprimir uma organização sistemática à agricultura; sendo mesmo proibido o desenvolvimento de certos ramos, pelas determinações régias que impediam a cultura das especiarias, isto para não prejudicar, com tal concorrência, o comércio das Índias.

Passaremos em revista, mais de espaço, os Regimentos com que o soberano despachava os seus governadores. Perlustraremos as instruções e obrigações com que se concediam as donatarias e as sesmarias.

Veremos, então, que não preocupava à metrópole o estabelecimento de um plano sistematizado de culturas na nova terra; as vistas de seus governantes estavam fixas no ouro, na prata, no pau-brasil, do qual se reservara o monopólio, e, quanto à agricultura, apenas no açúcar de que veio tirar enorme proveito, subindo a exportação em 1580 a dois milhões e oitocentas mil arrobas.(10) Nota do Autor

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