tarde se repetiam tão amiúde, que em vez de constituírem um fato esporádico, sem significação apreciável no cômputo dos elementos positivos e negativos da nossa formação econômica, assumem o caráter de um fenômeno digno de meditação e de análise.(22) Nota do Autor
O índio havia recebido o conquistador com brandura. Está isto nos documentos dos primeiros navegadores destes mares. O conquistador foi quem os irritou, ora intervindo ao lado de umas tribos ou nações contra as suas rivais, no sentido de chamar a si as simpatias daquelas e conseguir o extermínio destas, ora fazendo as famosas correrias pelo interior, matando, arrasando, e escravizando os sobreviventes. Daí aquele círculo de hostilidades que se foi dilatando ao redor da conquista, e as sucessivas desforras dos índios. Um escritor avisado chegou, mesmo, a registar que, levadas pelo instinto da própria conservação e pela necessidade da defesa comum, inúmeras nações da costa, tradicionalmente inimigas, se reconciliaram, para levar a guerra aos portugueses, tão injusta havia sido a recompensa da maneira pacífica e hospitaleira por que elas tinham recebido os conquistadores.
O certo é que, principalmente no primeiro século, as investidas dos selvagens contra as povoações e lavouras dos colonos se fizeram sentir violentas e animadas de um verdadeiro espírito de destruição. Todas elas foram mais ou menos atacadas, pilhadas ou destruídas, ali pelos potiguares, mais abaixo pelos aimorés, ao sul pelos goitacazes e outras nações.