A própria localização da cidade que é hoje a capital do Brasil, obedeceu ao pensamento de se defender a povoação. O Morro de São Sebastião ou São Januário, hoje conhecido por Morro do Castelo, do qual não resta mais que a esplanada de seu nome, foi escolhido precisamente porque tinha a resguardá-lo dos ataques dos selvícolas um pântano e as lagoas do Boqueirão e da Sentinela.(22) Nota do Autor
Para dar um exemplo do que foram esses assaltos, e dos seus funestos resultados sobre certas capitanias, não se carece de mais do que recordar a triste sorte da de Ilhéus. Esta capitania floresceu de modo extraordinário. Em breves anos chegara a numerar 500 colonos, e a ter oito engenhos de açúcar. Várias fazendas de algodão e cana prosperavam. Sucederam-se, porém, de tal modo os assaltos dos aimorés que, de 1580 a 1600, dessa prosperidade somente restavam três pequenas fazendas de algodão, alguma cultura de cana e 30 colonos!
"O flagelo terrível das duas capitanias, Ilhéus e Porto Seguro, escreveu o Dr. L. dos Santos, eram os aimorés, talvez os mais bárbaros, mais brutais e mais ferozes dos índios, infestando Ilhéus, Porto Seguro e mesmo a Bahia. Não souberam os portugueses aproveitar-se, ali, da inimizade entre diversas tribos selvagens, atraindo a si algumas para manter em respeito às outras.
Como observou o Padre Anchieta, os aimorés redobraram de fúria depois que os portugueses exterminaram cruelmente os tupiniquins".(23) Nota do Autor
Frei Vicente do Salvador dissera o mesmo: — "Mas não foi este o mal desta capitania, senão a praga dos selvagens aimorés,