A capitania de Porto Seguro sofreu muito.
Da de Santo Amaro, conta Southey: — "Em Santo Amaro abandonaram-se propriedades do valor de 30, 40 e 50 mil cruzados, devorados por estes selvagens os trabalhadores e fugidos os proprietários. Não era menos espantosa a força dos aimorés do que a sua desesperada ferocidade; um punhado deles assaltava engenhos de açúcar em que havia nada menos de cem pessoas..."(27) Nota do Autor
Da de Paraíba do Sul fala o próprio donatário, Pero de Goes: "... e se vieram (os índios) logo a uma povoação minha pequena, que eu tinha mais feita, e estando a gente segura, fazendo suas fazendas, deram neles e mataram três homens, e os outros fugiram e queimaram os canaviais todos com a mais fazenda que havia e tomaram toda quanta artilharia havia, e deixaram tudo destruído..."(28) Nota do Autor
Tendo, afinal, fugido os colonos, foi abandonada a capitania.
Poder-se-iam multiplicar os exemplos destes assaltos dos selvícolas, determinando muita vez o malogro total das lavouras, como em Ilhéus e Paraíba do Sul, e, na generalidade dos casos, levando aos colonos o desânimo, o desinteresse, a morte da iniciativa no domínio da agricultura.
Também a falta de braços concorreu poderosamente para amesquinhar a lavoura. Em todos os documentos da época, relativos ao assunto, encontra-se a queixa de rarearem os trabalhadores nos engenhos e nas fazendas. No primeiro século, diminuta era a população, e a importação de negros ainda não lograra o que mais tarde deveria ser. No segundo e no terceiro, se bem aumentadas uma e outra, a situação continuou a mesma, por isso que a corrida para as minas, o serviço obrigatório da tropa e as guerras sucessivas, desviaram o melhor da massa dos habitantes da colônia.