Não comporta o plano desta obra o estudo minucioso e cronológico da entrada do elemento africano em terras do Brasil.
Seria interessante, realmente, assinalar aqui a primeira leva de escravos negros importados, donde veio, onde desembarcou; seguir o curso dessa corrente que então se estabelecia; ir buscar-lhe as origens; tomar-lhe por épocas os braços com que vinham reforçar os do colono vacilante e os do índio reduzido à escravidão pelas tropas de resgate; mas, todo este minucioso exame retrospectivo levar-nos-ia por longas páginas afora, prejudicando outros assuntos que, em tal plano, se nos estão a impor.
Da matéria ocupar-nos-emos, posto a largos traços, quando tratarmos da influência da escravidão sobre o trabalho e a economia nacionais, bastando-nos, por agora, observar esse concurso do negro nas suas linhas principais.
O Sr. Augusto de Carvalho, em seu citado trabalho de 1875, deixava sem uma resposta segura esta questão das origens da escravatura negra no Brasil. "Não podemos, escrevia ele, precisar com exatidão a época em que desembarcaram os primeiros escravos africanos no Brasil.
Seriam importados por conta dos colonos, com o fim de evitar conflitos com os indígenas e questões com os jesuítas?
Seriam levados pelos proprietários de São Tomé, quando estes saíram da ilha, em virtude do assalto e do saque dos corsários franceses em 1567, e da rebelião dos angolares e dos escravos fugidos, que sete anos depois tanta ruína lhes causaram?